quinta-feira, 18 de julho de 2013
Saramago, uma paixão...
"Um dia desaparece o sol e acabou. E o Universo nem sequer se dará conta de que nós existimos."
José Saramago
Fotografia: Polianna Souza
terça-feira, 25 de junho de 2013
Uma homenagem...
"Nosso medo mais profundo, não é
de que sejamos inadequados. Nosso medo mais profundo, é que sejamos poderosos
demais. É a nossa luz, não nossa escuridão que mais nos assusta. Nós nos
perguntamos. "Quem sou eu para ser brilhante, alegre, talentoso e fabuloso?"
Na verdade, quem é você para não ser? Você é um filho de Deus. Fazer menos do
que você pode não serve para o mundo. Não há nada luminoso no fato de você se
encolher para que outras pessoas se sintam inseguras com você. Nós nascemos
para manifestar a glória de Deus que está dentro de nós. Ela está não só em
alguns de nós, está em todos nós. E a medida que deixamos nossa própria luz
brilhar, nós inconscientemente damos permissão aos outros para fazerem o mesmo.
À medida que nós nos libertamos do nosso medo, nossa presença automaticamente
liberta outros."
Nelson Mandela
Fotografia: Polianna Souza
Minha alma ouve Rubem Alves...
“ ...não, a morte não é algo que
nos espera no fim. É companheira silenciosa que fala com voz branda sem querer
nos aterrorizar... ...A branda fala da Morte não nos aterroriza por nos falar
da Morte. Ela nos aterroriza por nos falar da vida. Na verdade, a Morte nunca
fala sobre si mesma. Ela sempre nos fala sobre aquilo que estamos fazendo com a
própria Vida, as perdas, os sonhos que não sonhamos, os riscos que não
corremos...”
Rubem
Alves
Fotografia: Polianna Souza
terça-feira, 18 de junho de 2013
Palavras de Gabriel...
"A verdade é que as primeiras mudanças são tão lentas que mal se notam, e a gente continua se vendo por dentro como sempre foi, mas de fora os outros reparam."
Gabriel García Marquez
Fotografia: Polianna Souza
Um tal Alberto...
Para Além da Curva da Estrada
Para além da curva
da estrada
Talvez haja um poço, e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada.
Não sei nem pergunto.
Enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para outro lado
E para aquilo que não vejo.
Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.
Essa é que é a estrada para eles.
Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.
Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma.
Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Talvez haja um poço, e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada.
Não sei nem pergunto.
Enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para outro lado
E para aquilo que não vejo.
Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.
Essa é que é a estrada para eles.
Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.
Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma.
Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Fotografia: Polianna Souza
segunda-feira, 17 de junho de 2013
A incrível "anônima" Vera N W...
“Oi, quer que
eu escreva alguma coisa para me conhecer melhor? Que tal eu contar um episódio
dentro das minhas aventuras no Japão? Ganhei uma bolsa de estudos e
justamente quando estava lá estudando começou a guerra entre Japão e Estados
Unidos. Me aconselharam, como aos todos estrangeiros, sair logo do Japão,
porque já começaram os bombardeiros. Mas eu nem pensei em sair de lá, porque
queria mais uma vez me sentir encantada com cerejeiras que começavam a
florescer. É um espetáculo deslumbrante, fantástico: tudo em volta fica
cor-de-rosa (as cerejeiras quase não tem folhas, só flores. Em japonês
cerejeira é SAKURA). As colinas, os templos, as casas, as ruas – tudo fica
cor-de-rosa. Você caminhava em cima do tapete incrível cor-de-rosa. Turistas do
mundo inteiro vão ao Japão nesta época para ver a beleza encantadora das
cerejeiras. Bombardeiros já começaram, uma bomba caiu ao lado do nosso
Instituto.
Mas fiquei
até o último navio que já foi todo camuflado, escuro, porque o mar foi minado e
bombas caiam de cima. Arrisquei a vida mas consegui mais uma vez apreciar as
cerejeiras florescendo!
Não sei se
faria isso agora (mesmo que não tivesse 90 anos). Mas foi uma empolgação juvenil
e também gosto demais coisas bonitas e boas.
PS: Escrevi
porque me pediram, apesar de não entender muito bem o que isso tem a ver com
meu fêmur quebrado e meu coração palpitando.”
Vera N. W., aos 92 anos
(transcrito como ela, que era russa, escrevia)
Instigante Caio F.
“O passeio,
escreveu Maurício no alto da página. Depois, na linha de baixo: composição.
Mordiscou a ponta do lápis, os olhos postos numa mosca que esvoaçava em torno
dele. Em voz baixa, repetiu o título, destacando bem as sílabas: o-pas-sei-o.
Desenhou uma margarida entrelaçada na primeira consoante. Bocejou. Mordeu o
lápis com mais força. Afastou-o e ficou olhando as marcas fundas na madeira.
Passeio. Procurou lembrar de algum que tivesse feito. Não conseguiu. Melhor
inventar. Um passeio de barco onde fossem todas as pessoas que ele conhecia. E
as pessoas que ele não gostava fossem ficando pelo meio do caminho, morrendo
afogadas, abandonadas em ilhas, em barcos em alto mar.
Começou a
escrever os nomes dos passageiros do barco. (...) Pensou em quem chegaria ao
final da viagem. Ele, naturalmente. (...) E os outros? Afogá-los não podia. A
professora não ia gostar.”
Caio Fernando
Abreu
domingo, 16 de junho de 2013
O mestre Drummond - ainda falando de gatos...
“É próprio do gato sair sem pedir licença,
voltar sem dar satisfação. Se o roubaram, é homenagem a seu charme pessoal,
misto de circunspeção e leveza; tratem-no bem, nesse caso, para justificar o
roubo, e ainda porque maltratar animais é uma forma de desonestidade.
Finalmente, se tiver de voltar, gostaria que o fizesse por conta própria, com
suas patas; com a altivez, a serenidade e a elegância dos gatos.”
Carlos Drummond de Andrade
Adorada Cecília...
“O gato apareceu
de repente na montanha. Era um pobre bichinho débil, que miava silêncio. Preto,
parecia cinzento – de tão sujo. E, além de sujo, maltratado, com um olho
desfazendo-se em gelatina, e uma orelha empapada de sangue. Olhou para mim
tristemente, como nós às vezes olhamos para Deus. E eu, certamente, queria ajuda-lo.
Mas então vi como aquele caminho deserto se fazia subitamente povoado; o
espírito das superstições me dizia: “Olha que é um gato preto!” E o espírito da
ciência murmurava-me: “Está cheio de parasitas, que te infestarão!” E esse vil
espírito prático da era contemporânea aparteava: “Ademais, como podes ajudar,
se estás num caminho deserto e sem recursos, onde não se avista nem um teto nem
um veículo?” E só o espírito do amor segredava tímido: “Toma-o nas mãos e
leva-o contigo. Verás que, no teu colo, seus olhinhos lacrimosos se fecharão
adormecidos; sua fome se esquecerá, suas feridas fecharão...” Mas o espírito do
amor segreda com tanta timidez!”
Cecília Meireles
Fotografia: Polianna Souza
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